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Tragédia em Realengo no Rio de Janeiro, cobertura equilibrada ou sensacionalista?
12 de Abril de 2011

Tragédia em Realengo no Rio de Janeiro, cobertura equilibrada ou sensacionalista?

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A cobertura da tragédia em Realengo no Rio de Janeiro, que fez 12 vítimas fatais na semana passada, tomou conta das capas dos jornais brasileiros, dos telejornais e repercutiu na imprensa internacional. E levantou a seguinte questão: Como cobrir um fato que por si só já é sensacional? De acordo com o portal Comunique-se, além de mostrar imagens das crianças baleadas, muitos veicularam fotos e vídeos do corpo de Wellington Menezes de Oliveira, 23, após disparar contra os alunos da escola municipal Tasso da Silveira. 
 
O jornal Extra, por exemplo, colocou as imagens de algumas das vítimas fatais enfileiradas, com o fundo manchado de sangue, e a manchete: ‘Vira pra parede que eu vou te matar’, frase dita por Welligton aos alunos antes de efetuar os disparos. O jornalista Danilo Angrimani, autor do livro Espreme que Sai Sangue – um estudo do sensacionalismo, avalia que esse é o perfil do jornal, que atende aos leitores das classes populares. “Esse é o perfil do Extra, as pessoas querem esse tipo de abordagem, se ele não seguir esse perfil, perde seus leitores”.
 
Para Angrimani, a cobertura geral do caso foi ágil e sem exageros. “Foi uma cobertura expecional, de resposta imediata e com rigor jornalístico. A polícia falava que o assassino estava morto, mas os parentes das vítimas estavam desesperados e a TV foi a primeira a mostrar a imagem do assassino morto, isso tranquilizou um pouco as pessoas”.
 
Segundo Angrimani, a espetacularização da notícia é diferente do sensacionalismo. “Podemos discutir a espetacularização da notícia, que é o fato o tempo todo se repetindo nos veículos. O sensacionalismo é diferente, é hiperdimensionar um caso que não é tão grave. Mas este caso por si só já é sensacional, as pessoas só falam disso nas ruas, a mídia tinha que falar, eu não vi sensacionalismo”, declara.
 
Cobertura irresponsável
 
O jornalista e sociólogo Laurindo Leal Filho, professor da ECA/USP, discorda e vê um desserviço na cobertura. “A cobertura foi de uma irresponsabilidade total. A mídia tem que passar as informações, o que passa disso é espetáculo. As emissoras sérias do mundo têm uma regra: nunca ampliar o sofrimento das pessoas, principalmente das crianças. Aqui, até entrevistam as crianças, vítimas da tragédia”.
 
Laurindo destaca que a cobertura do caso não tem uma preocupação social, mas mercadológica. “Virou assunto até em programa de variedades, é o interesse mercadológico, que transforma a dor em um grande espetáculo. Infelizmente virou um grande negócio para aqueles que têm a vida medida por índices de audiência”, critica.
 
Para ele, os telejornais passam dos limites, já que não seguem classificação indicativa, como filmes e novelas. “Os telejornais não estão regulados pela classificação indicativa e por isso podem colocar isso no ar. É um crime contra as crianças”.
 
 
 
 

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Fonte: Comunique-se

 
 

 

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