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A Intolerância está entre nós
03 de Julho de 2015

A Intolerância está entre nós

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Por Prof. Ozinil Martins de Souza 03 de Julho de 2015 | Atualizado 03 de Dezembro de 2021

Pela gênese do povo brasileiro diria ser, até pouco tempo atrás, impensável imaginar que  veríamos a intolerância fixar-se entre nós de maneira tão rápida e contundente. 

O episódio desencadeado pela coluna escrita por Zeca Camargo é de difícil compreensão; da mesma forma a agressão, a pedradas, sofrida por uma jovem praticante da religião umbandista. Lendo a coluna percebemos que houve, apenas e tão somente, uma análise do momento social que vivemos. Nada contra a integridade do cantor ou de sua família. A reação foi desmedida e inoportuna.

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Por que de uns tempos para cá vemos prosperar o rico contra o pobre, o negro contra o branco, o adepto de uma religião contra o adepto de outra religião, o índio contra o branco, enfim brasileiro contra brasileiro? Aonde querem nos conduzir? Qual o intuito por trás de toda essa pregação?

O que percebemos, no dia a dia, é que a violência, banalizada, passou a ser parceira constante de cada um de nós. O difícil é determinarmos o momento em que ocorrerá. Quando ocorrem 50 mil mortes, anualmente, fruto de crimes praticados em nossas ruas; quando se tem mais de 50 mil mortos em acidentes de trânsito anualmente (sem contar os inválidos permanentes); quando se convive com mais de 50 mil estupros anualmente, percebe-se que o problema não é o Estado Islâmico, mas que é, exatamente aqui; em nossas ruas e casas.

É óbvio que no bojo de toda essa indignação que permeia a sociedade brasileira há necessidade de respostas. Justa ou injustamente a sociedade exige respostas. Uma delas foi dada, pelo congresso, na madrugada passada (02.07.2015); a aprovação, em 1ª votação, da mudança constitucional que permitirá a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos para crimes graves. Não sei se a mudança da lei resultará em diminuição da criminalidade, mas a sociedade clama por respostas. O que não se pode é omitir-se e entender que está tudo tranquilo, pois o caldeirão social está em ebulição e podemos esperar por tempos difíceis. 

Lembrando o filósofo latino Sêneca, que dizia com muita propriedade “que não adianta vento a favor para quem não sabe aonde vai”, o que causa espanto é a desorientação dos poderes constituídos no Brasil. Ora o caminho é esse, ora é aquele. Fica, absolutamente, clara a ausência de políticas norteadoras que sirvam de indicadores aos que querem produzir, aos que querem fazer o país evoluir. O debate sobre a idade dos menores infratores é o maior exemplo das indefinições que existem em nosso país. O fim do fator previdenciário, o aumento de até 78,5% dos servidores da justiça são exemplos claros de que a nau está sem rumo. Ontem era uma coisa, hoje é outra coisa! 

Assim fica difícil planejar, prever, organizar-se. Enfim, pelo menos que os ventos não sejam severos em demasia!

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