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Coluna Fabrício Wolff | A Comunicação Bolsonarista
20 de Fevereiro de 2019

Coluna Fabrício Wolff | A Comunicação Bolsonarista

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Por Fabrício Wolff 20 de Fevereiro de 2019 | Atualizado 20 de Fevereiro de 2019

O assunto do momento é… a demissão do (ex)ministro Bebianno. Em rápidas palavras, é possível dizer que ele foi fritado por twitter pelos Bolsonaro (filho e pai). Dá para dizer que Bebianno foi praticamente demitido por twitter. Sem dó, nem pena, nem relativização por ser do partido do presidente – ou mais, nem por ser o presidente nacional do PSL durante a campanha de Bolsonaro. Foi execrado em público porque ao invés de “proteger” o presidente, seu patrão, o expôs. 

Quem conhece o mundo da política minimamente sabe que o primeiro escalão serve para proteger o eleito. Isso acontece em todos os níveis de governo, desde o municipal ao federal. O indicado ao cargo de comissão em primeiro escalão é pessoa da mais alta confiança (ou deveria ser). Deve se jogar aos leões para que esses não comam o mandatário. Em palavras menos impressionantes e mais realistas, assume os ônus para deixar para o alcaide os louros dos bônus.

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No caso em questão (ou “qüestão”, como diria o presidente), Bebianno já estava na berlinda por conta das denúncias de candidatos laranjas da campanha. Mas não creio que cairia por isso. Parece-me que Bolsonaro é fiel, protege os seus. Bebianno caiu porque ao invés de aguentar firme o tranco que levava, abriu a boca dando a entender que o hoje presidente sabia ou concordava com o laranjal. Pecado mortal. Como peão de um jogo de xadrez, expôs o rei ao se movimentar tentando salvar o próprio pelo. Expor o rei é pedir para perder o jogo, sabem os enxadristas.

O que se seguiu é o que todo mundo sabe. Um twitter do filho Carlos Bolsonaro, depois retuitado pelo pai presidente, chamou Bebianno de mentiroso. Ali, o ex-ministro já caiu. Na verdade, cometeu suicídio ao não se portar como um homem de confiança. Muitos comentaristas na imprensa tentaram fazer leituras sobre o fato. Todas que vi ou diziam o óbvio, ou buscavam esquentar ideologias críticas a Bolsonaro. 

Mas não foram essas interpretações midiáticas que me chamaram a atenção. O que me saltou aos olhos foi o fato dos Bolsonaro seguirem o modus operandi na fritura de um ex-integrante de confiança. Agiram como agem para noticiar suas principais ações: utilizando as redes sociais. 

A surpresa que deixa até hoje grandes redes de comunicação atônitas, que perderam as fontes privilegiadas e se veem obrigadas a ficar de olho nas redes sociais de Bolsonaro 24 horas por dia, agora também alcança os homens de confiança do presidente. Além de mostrar que não se importa em expôr de supetão para todos quando algum ato de aliado não agradou, o presidente mandou um recado para toda sua equipe de governo: quem não agir como se espera de um homem de confiança, cai. Cai rápido e cai em público, forma de não permitir qualquer reação lobista (partidária ou não) em prol do fritado.

A comunicação Bolsonarista mostra que continua ampla, geral e irrestrita e que o recado (e a regra) é clara: quem não obedecer ao comando paga flexão. Ou mais do que isto.
 

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