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Coluna Ozinil Martins | O sentido da urgência
29 de Maio de 2016

Coluna Ozinil Martins | O sentido da urgência

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Por Prof. Ozinil Martins de Souza 29 de Maio de 2016 | Atualizado 03 de Dezembro de 2021

Quando somos criados dentro de ambientes que estimulam o sentido da urgência aprendemos, desde cedo, a desenvolver habilidades que nos preparam para “esperar o inesperado”.

Lembro-me que essa expressão foi citada em um programa de treinamento que fazíamos em Niterói, lá pelos idos dos anos 80 e, provocou debate acalorado em função do inusitado da frase. Ora, diziam alguns, se estamos planejando tudo tem que ser previsível; outros concordavam que nem tudo pode ser previsto e que “esperar o inesperado” era estar com os sentidos aguçados para agir rapidamente. Bela discussão sobre um tema tão importante.

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Aos fatos: 80% da população brasileira habita, atualmente, nos centros urbanos; somos, portanto, 160 milhões de brasileiros, morando, trabalhando e vivendo nas cidades. Por que isso aconteceu?

Nos anos 60 o mundo passou por um processo evolutivo na agricultura que ficou conhecido como a “revolução verde”. Segundo seus idealizadores, a partir desse evento, não haveria mais o risco da fome. E, de fato, isso ocorreu. A fome foi minimizada e, hoje, o mundo vive um fenômeno inverso, pois pelo excesso de comida, estamos vivendo a epidemia da obesidade. 

Gosto sempre de chamar a atenção para o que chamo de efeito paradoxo. Ao mesmo tempo em que produzíamos alimentos como nunca, simultaneamente, ocorria o fenômeno do êxodo rural, pois com a mecanização e as técnicas de produção usadas na agricultura, sobrava pouco espaço para as pessoas, que com toda justiça, buscavam melhor qualidade de vida.

Qual o destino das pessoas expulsas do campo? As cidades!

Estavam as cidades preparadas para receber esse fluxo migratório? Tinham se preparado para recepcionar esse contingente de pessoas oriundos do campo? É óbvio que não! Pessoas com baixo nível de competitividade, despreparadas para a disputa por vagas em setores da economia que não conheciam, com pequeno ou nenhum nível de educação formal, vieram para engrossar as periferias das cidades aumentando seu cinturão de miséria e o grau de violência com que, atualmente, convivemos. Sujeitando-se a qualquer tipo de atividade que as remunerassem de alguma forma que fosse, se dispunham a fazer o que lhes fosse oferecido.

Voltando ao título desse pequeno artigo: e as nossas prefeituras, como se prepararam para essa ocorrência? Deixo a você, caro leitor, a resposta baseado no que vê em sua cidade. Quanto maior a cidade, maiores os problemas que, foram empurrados para a posteridade. Cidades sem redes de esgoto, sem transporte coletivo de qualidade, sem geração de empregos para absorver a todos, trânsito caótico ao longo do dia, sem opções de lazer para os jovens, sem saúde e educação de qualidade. Não vou nem tocar no lixo, pois o prazo para solucionar o problema venceu em 2014 e, a legislação não foi cumprida.

Quando os problemas eram pequenos e fáceis de serem resolvidos não tivemos o “sentido de urgência”. Hoje estamos buscando soluções que se apresentam com altíssimos custos. Administrar é prever! Se não o fazemos na hora certa pagamos o custo que, às vezes, é muito alto e, nem sempre representa a solução ideal. O Ministro Henrique Meirelles vem usando a frase “Devagar que estou com pressa”, que sintetiza bem o espírito de gestão necessário em qualquer governo que se pretenda sério. Talvez, desta vez, o sentido de urgência prevaleça. 

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