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Coluna Fabrício Wolff | STF, Supremo que se apequena na Comunicação
06 de Abril de 2018

Coluna Fabrício Wolff | STF, Supremo que se apequena na Comunicação

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Por Fabrício Wolff 06 de Abril de 2018 | Atualizado 06 de Abril de 2018

O julgamento do STF sobre o caso Lula aconteceu ontem e, claro, todo brasileiro medianamente informado acompanhou como pode a saga judicial em torno do episódio. Não é o intuito deste texto dissertar sobre o fato, mas é bastante interessante verificar a linha comunicativa do processo. Houve de tudo. Comandante do Exército mandando recado pelas redes sociais, silêncio do Governo Federal, aula de retórica por parte dos ministros do STF e, por fim, o julgamento contra o hábeas corpus de Lula por 6 votos a 5.

Acabou?  Não. O juiz Sérgio Moro mandou prender e até o fechamento desta coluna, o ex-presidente acusado de corrupção estava encastelado no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, onde inclusive dormiu. Assim, também manda seu recado populista: está entrincheirado com os companheiros, em uma espécie de “resistência marqueteira”, até que o STJ julgue novo pedido de hábeas corpus da defesa de Lula ou a Polícia Federal vá buscá-lo. A terceira via é ele se apresentar em Curitiba até às 17h.

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Mas o que me chamou atenção foi um pronunciamento feito pela presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Carmem Lúcia, no dia 02 de abril. Não pelo conteúdo que falava sobre democracia e o respeito às opiniões divergentes, mas pela forma que foi ao ar. Em plena era de mídia training, dos investimentos em comunicação e do óbvio e ululante uso do teleprompter (aquele equipamento instalado na câmera que permite que o emissor da mensagem leia o texto olhando diretamente para a câmera), ela leu em uma folha de papel, variando o olhar para a câmera e a folha.

Ora, qualquer pessoa que entenda o mínimo de comunicação sabe que o teleprompter não é só um equipamento facilitador da comunicação televisiva. Ele empresta vários outros atributos à comunicação diante de uma câmera. Para ser breve, primeiro porque o interlocutor não fica desviando o olhar para um papel a todo momento, o que não só repassa um ar de insegurança naquilo que está falando, como também tira a atenção do receptor da mensagem para o conteúdo. Segundo, porque o uso do teleprompter permite que o emissor da mensagem possa dar um “efeito teatral” à mesma, se preocupando em reforçar a ideia do conteúdo, até mesmo dando ênfase às palavras mais significativas. Ou seja, o equipamento não usado pela presidente do STF não só facilita a vida daquele que comunica, mas também faz com que o conteúdo chegue mais forte, com maior impacto a quem o recebe.

Na metade dos anos 80, quando trabalhei no jornalismo da RBS TV em Blumenau, não tínhamos teleprompter. As manchetes eram curtas e as decorávamos, apesar de ter o papel na bancada como garantia. Considerando que o equipamento não é novidade há décadas, é de se perguntar por que o poderoso STF não o utilizou para que a ministra Carmem Lúcia não pagasse mico em rede nacional de tevê. Falta de dinheiro, com certeza não foi. Falta de uma melhor assessoria de comunicação?… Talvez. Se bem que não é preciso ser nada esperto para vislumbrar as vantagens para o impacto e aceitação da mensagem quando transmitida da maneira correta. O Supremo pode ter dado a decisão que grande maioria dos brasileiros esperava, mas foi pequeno, diminuto, ínfimo quando o assunto foi comunicação.

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