Na última sexta-feira, dia 29, fui incumbido de dar as boas vindas para mais de 300 atletas, seus familiares e árbitros de 14 municípios que participavam do Campeonato Catarinense de Patinação Artística, cuja etapa se realizava no ginásio Sebastião Cruz, apelidado de Galegão, aqui em Blumenau. A missão foi cumprida com muita honra, até porque sei da dificuldade de organizar um evento daquela monta. Mais do que isso, porém, era uma oportunidade de exercitar na prática boa parte daquilo que ensinei nas salas da faculdade, como professor de cursos de graduação.
Concordo com alguns quando dizem que a comunicação é um dom. Porém, isso não quer dizer que aqueles que não nasceram com o dom não possam se comunicar bem, inclusive em público. Este era um dos meus discursos em sala, quando os alunos deixavam a entender que para mim era muito fácil. É verdade que sempre fui amigo das palavras e da fala em público. Fui para a frente de um microfone pela primeira vez aos 8 anos e fiz isso muitos domingos seguidos, contando historinhas infantis para o público de uma rádio. Aos 15 ingressei na televisão, aos 16 já era repórter. Fiz teatro, dei palestras comunitárias, virei professor. Fiz da minha experiência de vida a própria comunicação, por acreditar que ela tem o poder de mudar as coisas.
Sempre disse aos meus alunos que com ou sem dom, a comunicação tem uma técnica que a torna eficiente para aqueles que acham que não tem o dom, e ainda mais eficiente para os que o detém pela sua própria natureza. A imensa maioria das pessoas pode se comunicar bem se seguir algumas táticas, empregar técnicas e acreditar no poder da palavra. Especialmente da palavra usada na hora certa, da maneira correta. Aristóteles já dizia, na antiga Grécia, que “a habilidade de expressar uma ideia é tão importante quanto a própria ideia”. Pura verdade. O convencimento que a comunicação proporciona para a aceitação de uma ideia está nos detalhes. Expressá-la de forma hábil é o grande segredo do sucesso.
Falar bem é fundamental. A maioria das pessoas teme esta experiência, muito especialmente em público. Porém, o falar bem pode estar à mercê mesmo desta maioria que não se considera capaz. Para isso, é necessário aplicar alguns fundamentos básicos: o primeiro deles, é dominar o tema que se pretende abordar. Conhecimento ajuda muito nesta hora, pois encorpa os argumentos a serem utilizados (e contra argumentos bem embasados, dificilmente se discute). Conhecer bem o tema sobre o qual se vai falar, ajuda em outro item fundamental para se expressar bem. A segurança. Estar seguro daquilo que se está dizendo é fundamental.
Além disso, é precisar traçar uma ideia natural da sequência da fala, do discurso. A clareza e a objetividade das ideias são itens fundamentais. O tom de voz e a expressão corporal também contam pontos. Uma tática que funciona muito bem é utilizar exemplos. Eles fazem com que aqueles que o ouvem consigam se identificar mais facilmente com o conteúdo que se pretende repassar. Se esses exemplos puderem trazer experiências pessoais ou carga emocional, melhor ainda. Ensaiar a palestra, funciona. Tentar decorá-la é um desastre.
Se eu fosse elencar o que um bom orador deve ter, listaria conhecimento do assunto, clareza, objetividade e naturalidade, vocabulário, entusiasmo, dramatização, criatividade, voz (dicção, velocidade e tonalidade) e memória (ou tópicos anotados para não esquecer subtema importante no contexto). E não deve pedir desculpas à platéia ou iniciar frases com palavras vazias como “bem”, “bom”, “então”, “tipo”… Se errar uma palavra ou gaguejar, siga em frente e foque no conteúdo. É sempre inteligente evitar usar chavões ou expressões chulas e firmar posição sobre um tema polêmico (pode perder a simpatia e audiência de metade da plateia).
A palavra tem poder. Usá-las bem torna poderoso aquele que discursa, pois convence.
