“Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus…
tempo para dar abraços
e tempo para apartar-se.
Tempo para procurar,
e tempo para perder;
tempo para guardar,
e tempo para jogar fora;
tempo para rasgar,
e tempo para costurar”…
Em Eclesiastes, 3, encontro a perfeita tradução pro que vem por aí:
um tempo para guardar, para sempre, no cofre do coração.
Depois de muito trabalho, sem trégua, sem concessão,
procurando a palavra certa, costurando o verbo em versos,
pesquisando e escrevendo até no dia mais adverso,
eis que a história ganha vida. E eu expectativa,
de diluir o cansaço entre o afago e o abraço.
No período de uma semana, entre 26 de novembro e 3 de dezembro, vou viver dois momentos fadados a morar na memória. Por isso quero muito compartilhar com vocês.
Amanhã, a convite da Rede Feminina de Combate ao Câncer, apresento a minha palestra no Hotel Cambirela. Convidada para o evento de encerramento do ano, com mais de 250 participantes, lá vou eu explorar a caixa preta da dor intensa… a longa jornada, nos últimos cinco anos, entre a saúde e a doença, o esforço e a recompensa… quando ao vencer 25 cirurgias altamente invasivas, meu marido defendeu o Doutorado na engenharia, voltou ao trabalho, fez da nossa vida um case de fé.
Se a nossa vitória inspira, a trajetória, ao contrário, foi de deixar sem ar… Literalmente, sem respirar! Os detalhes eu reservo à audiência da palestra… Mas não me abstenho de contar ao menos o bê-à-bá. Entre a bateria de cirurgias de 2015, quando meu marido sofria no superlativo, e a bateria de cirurgias de 2017, com corpo e coração em coesa convulsão, já que cinco meses se passaram entre o desolador diagnóstico e a busca dos especialistas por alguma solução… eu escrevi um livro.
Não vou dizer que foi fácil… costurar palavras enquanto o chão se rasgava. Quando a voz calava. Mas o trabalho salva. E o livro ficou lindo!!!
A biografia “Rute Ferreira Gebler, uma vida em tom maior”, que pereniza em edição de luxo a vida da soprano, maestrina e professora que completou neste ano 50 anos de atuação em Florianópolis, vai ser lançada no dia 3 de dezembro, no Palácio Cruz e Sousa. E como autora asseguro: é uma história que merece entrar pra história, pelo exemplo de liderança, pelos grandes feitos – como os espetáculos Vozes da Primavera sempre com caráter beneficente –, pelas conquistas que cruzam gerações, revelando talentos que ganharam o mundo.
Contar a minha história, em palestras que já renderam agenda para daqui a um ano, em novembro de 2020. Contar outras histórias, com o lançamento do meu quinto livro. Contar ao vivo, em cases, contos ou capítulos, acreditem, é onde eu me encontro. Orgulhosa por dar raízes ao que poderia se perder. Ao que poderiam jogar fora, apartar, apagar, com um clique, deletar. Mas um livro é imune ao tempo. E o que tem ali dentro é mais que letra e acento… É silêncio em profuso diálogo com os nós atados em nós.
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