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Coluna Ana Lavratti: Por uma vida com mais vírgulas
22 de Outubro de 2018

Coluna Ana Lavratti: Por uma vida com mais vírgulas

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Por Ana Lavratti 22 de Outubro de 2018 | Atualizado 22 de Outubro de 2018

 

No métier de escrever sobre o que vivi e senti

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de repente arrefeci…

Em vez de escrever sobre as sensações da semana:

João Bosco com banquinho e violão, assim ao alcance da mão.

Os abraços que ganhei na palestra de sexta e que espero repetir nas três a seguir.

A feira de artes no colégio da filha, rodeada por amigos, me sentindo em família.

Camerata no CIC lotado e a corrida de sábado. A chuva escorrendo no corpo suado.

 

Sim, tantas emoções pra escrever, mas a mente prefere reviver

o que sentimos há um ano, bem nesta data.

Malas por fazer… com orações em vez do mapa.

Porque a estada não era no hotel.

Era um check-in no hospital. E bastava assinar o papel

pra lembrar que era hora

de esquecer a vida lá fora.

 

Acompanhando meu marido

na internação de dois meses em 2015

(seguida por mais um mês em home care, em Curitiba),

e na de um mês e meio em 2017,

sofrendo por segundo, na iminência de perder meu mundo,

só encontrei consolo na compreensão

de que começo e continuum

sempre convergem em uma equação.

 

Porque os começos não são sistemáticos.

Eu diria que são sintomáticos…

E se a internação não começou ali, mas na rotina de rezar?

Se foi no esmero de treinar, fortalecer corpo e mente?

Preencher o vazio com nutrientes?

Proteção, presença, parceria.

Reiterando um amor que crescia

antes mesmo de encontrar quem o merecia.

 

Como a doença não começa na biópsia

nem a elegância na hora da foto.

Como a vitória não se limita à batalha,

mas se forja à ferro, fogo e foco.

Como a solidão pode vir na contramão,

precedendo a despedida,

o amor pode ser tão forte que sobrevive à partida.

Ou no meu caso, que antecede o encontro…

 

Remete ao dia em que tirei todos os pontos do meu conto.

Aceitei seguir o caminho sem medo das diferenças,

Relevando mais os erros, permeável à mudança.

Então se o ponto encerra a sentença

quero uma vida com mais vírgulas.

Eu, você… não importa quem vença,

nada começa ou termina aqui.

É sempre o continuum do que vivi.

 

 

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Para ampliar as imagens da palestra no Sandri Palace Hotel, em Itajaí, e os convites para as próximas, clique nas fotos da Galeria.

 

 

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