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Coluna Ana Lavratti: Bem-vindo a Noronha, relicário da natureza
10 de Fevereiro de 2020

Coluna Ana Lavratti: Bem-vindo a Noronha, relicário da natureza

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Por Ana Lavratti 10 de Fevereiro de 2020 | Atualizado 10 de Fevereiro de 2020

 

Quase me sentindo culpada, por demorar tanto tempo pra desbravar este patrimônio do Brasil, compartilho agora a nossa experiência, pra que ninguém incida no mesmo crime, de adiar a imersão em Fernando de Noronha.

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A uma hora de voo de Recife e de Natal, Noronha recebe em média 600 turistas por dia no aeroporto que é quase uma alfândega. Isso porque, para ter acesso à Ilha, é preciso pagar uma Taxa de Preservação Ambiental (na chegada ou com antecedência) e também adquirir a carteirinha de acesso ao Parque Nacional Marinho.

 

Vou explicar! Com 17 quilômetros quadrados, a Ilha de origem vulcânica é dividida entre o Parque Nacional Marinho, que compreende 2/3 da ilha principal (além das 20 ilhotas secundárias), e as Áreas de Proteção Ambiental, onde a ocupação humana, com suas construções e intervenções, deve seguir regrar rigorosas de proteção do meio ambiente. Em toda a área do Parque Nacional, ou seja, em cerca de 70% do arquipélago, é proibido construir e a gente só tem acesso mediante a aquisição de um ingresso*. Mas vale muito a pena investir na carteirinha, pois é justamente na área do PARNAMAR que estão alguns dos cenários mais exuberantes.

 

Entre as praias localizadas dentro do PARNAMAR, pra se ter uma ideia, está a do Sancho, eleita a melhor praia do mundo, segundo os viajantes TripAdvisor, em 2014, 2015, 2017 e 2019. Isso mesmo! Fez jus ao tetracampeonato concorrendo com todo o Caribe, Mar Mediterrâneo e outros destinos notórios de águas turquesas. Pra nós, que estivemos há meio ano em outro refúgio premiado, Clearwater Beach, no Golfo do México, (tida como a melhor praia dos Estados Unidos e sexto lugar no mesmo ranking TripAdvisor do ano passado) não seria nada fácil se surpreender, mas confesso que desde a primeira vista o Sancho foi de tirar o chapéu. Ou melhor, de pôr o boné e não ter hora pra ir embora…

 

 

A maioria das praias, baías e trilhas inseridas no PARNAMAR ficam na área designada em Noronha como MAR DE FORA: a Praia Leão com o Morro da Viúva e o Morro do Leão (ilhotas), a Baía do Sueste com o Morro do Chapéu e a Ilha Cabeluda (ilhotas), e a Praia da Atalaia. No MAR DE DENTRO, enquanto isso, ficam a Praia do Sancho e suas lindas vizinhas, a Baía dos Porcos, onde estão os Morros Dois Irmãos, principal cartão postal de Noronha, e a Baía dos Golfinhos (Isso além de todas que não exigem ingresso).

 

É tão difícil resumir o que a gente vê por ali… Por mais que este complô de belezas naturais se apresente da forma mais compacta, a ponto de a Ilha ser cortada pela menor BR do Brasil, a variedade de mares, marés, vida marinha, ondas, ventos e cor da água constitui um relicário da natureza Tropical. Consenso mesmo, só a temperatura da água, que é quentinha o ano inteiro, ainda que Fernando de Noronha tenha uma estação “particular”, de abril a agosto, quando o calor permanece, mas as chuvas são mais frequentes.

 

Entre os passeios mais comuns em Noronha está o Ilha Tour, com diferentes níveis de conforto e de preço, onde o turista desbrava todos os mirantes e algumas praias em um único dia. No nosso caso, abdicamos desta experiência porque monitorar o relógio seria incompatível com a nossa vontade de mergulhar, literalmente, no paraíso.

 

 

A opção, neste caso, foi conhecer a Ilha a partir do mar, visitando as praias do MAR DE DENTRO – praia do Porto, do Cachorro, do Meio e da Conceição -, de barco e de canoa havaiana, mais as praias do Boldró, Americano, Praia do Bode e Cacimba do Padre no passeio de quatro horas a bordo de um catamarã. Detalhe: todos com direito a mergulho no mar esmeralda. Apesar da abundância de embarcações, o principal meio de transporte na Ilha, acreditem, é o Buggy! Milhares destas “miniaturas de automóveis” podem ser alugadas com facilidade e segurança, tanto que muitas permanecem estacionadas sem a preocupação de tirar a chave da ignição.

 

Outros meios de transporte que funcionam plenamente em Fernando de Noronha são os ônibus e táxis. A cada meia hora, um ônibus parte de cada extremo da BR-363 com paradas no burburinho da cidade, que é a Praça Flamboyant, no Projeto Tamar, nas praias do Boldró e Americano, além dos pontos finais, na Praia do Porto e Baía do Sueste. Em praias mais distantes da rodovia, é possível ir de tele-táxi com corrida a preço fixo, lembrando que congestionamento ou trânsito lento são palavras que não constam no dicionário de Noronha.

 

Na próxima segunda-feira, dia 17.02, eu vou detalhar as particularidades de cada praia, o que oferecem e como chegar lá. Por enquanto, não posso encerrar sem frisar a alta visibilidade do fundo do mar, o que faz de Noronha um dos destinos mais propícios para mergulho do mundo, e a variedade de programas pra depois da praia: visita aos Fortes históricos, em especial o Forte de Nossa Sra. dos Remédios e Forte do Boldró, com vista privilegiada para o pôr do sol; a Vila dos Remédios com lojas, restaurantes, mercadinhos e ladeiras em pedra que remontam ao Brasil de antigamente; e a sede do Projeto Tamar que acaba virando ponto de encontro dos viajantes, e onde com sorte pode-se desfrutar das paletas artesanais que são legítimas sobremesas (e das poucas coisas não superfaturadas na Ilha, com ambulantes oferecendo a R$ 6,00 o picolé recheado).

 

Animada e gentil, a população de Fernando de Noronha forma uma afinada comunidade, com todos se cumprimentando pelas ruas, casas e pousadas sem chave na porta, garçons atléticos e atenciosos (mais parecendo surfistas com expediente diurno nas ondas e noturno nos bares e restaurantes). Próximo da Praça do Flamboyant, onde é possível degustar peixe, crepe, sorvete, pizza, açaí e sanduíches, estão três dos restaurantes mais concorridos de Noronha: o Varanda, o Cacimba, e o Xica da Silva, onde o Peixe Mestiço (prato à base de peixe Cavala em crosta de castanhas com purê de abóbora) é o mais pedido da Ilha desde 2008. Tendo escolhido este por total acaso, foi só provar pra confirmar o motivo do sucesso!

 

Boas surpresas, aliás, não faltaram por ali… Ao contrário do que havíamos pesquisado na internet, que os táxis e transportes públicos não davam conta da demanda, que não aceitavam cartão de crédito, que seria difícil o acesso à internet… nada disso se concretizou. Foi muito fácil se deslocar, pagar com cartão e manter conexão 3G. Nossa pousada também foi uma alegria à parte. Bem localizada, com apenas 4 quartos, a pousada Oceano Azul nos acolhia a cada manhã com suco de frutas naturais, ovos mexidos das galinhas que nos acordam com seu cocoricó, bolo feito em casa, quiche, queijo coalho quentinho, tapioca e muitas delícias saboreadas enquanto os hóspedes compartilhavam, na mesa coletiva, as melhores dicas e experiências do dia anterior. Na próxima segunda-feira eu conto mais… Lembrando que por mais que eu me esforce em traduzir, a verdade é que só mergulhando em Noronha pra compreender as emoções e comoções que a cidade provoca em nós.

 

  • A taxa obrigatória para acesso à Ilha, que pode ser paga neste link aqui, custa R$ 75,00 por dia. Pra nós três, por uma semana, a Taxa de Preservação Ambiental e a carteirinha de acesso ao Parque Nacional Marinho custaram cerca de R$ 1.800,00.
  • Só duas companhias aéreas pousam em Noronha, a Gol e a Azul. Nós fizemos Florianópolis – Rio de Janeiro – Recife – Fernando de Noronha na ida; Fernando de Noronha – Recife – São Paulo – Florianópolis na volta. E tanto na ida quanto na volta foram 13 horas de viagem. Lembrando que Fernando de Noronha está uma hora à frente, em relação ao horário de Brasília.
  • Em relação aos transportes, a passagem do micro-ônibus custa R$ 5,00 e as corridas de táxi custam em média R$ 35,00. Também é possível alugar moto, bicicleta ou um buggy, que fica na faixa de R$ 280,00 por dia.

 

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